Tipos de Câncer

Veja detalhadamente os tipos de câncer

Câncer de Cabeça e Pescoço

Definição:

O câncer de cabeça e pescoço é um termo genérico para designar um grupo heterogêneo de tumores classificados de acordo com sua localização: cavidade oral; nasofaringe; orofaringe; hipofaringe; laringe; cavidade nasal e seios paranasais; glândulas salivares. Esses locais são áreas diretamente envolvidas com as funções de fala, deglutição, respiração, paladar e olfato, entre outras.

Os cânceres de cabeça e pescoço usualmente começam nas células escamosas do epitélio de revestimento da mucosa do nariz, boca e garganta e, por isso, são chamados de carcinomas epidermoides. Os tumores de cabeça e pescoço também podem começar nas glândulas salivares, mas são relativamente raros.

Devido a essa variedade, o cuidado com esse grupo de doenças exige uma equipe multidisciplinar que envolve o oncologista, o cirurgião de cabeça e pescoço e o radioterapeuta, bem como os profissionais da odontologia, nutrição, psicologia, enfermagem e fonoaudiologia. Com isso, valoriza-se ao máximo a preservação de órgãos importantes e de suas funções.

Epidemiologia:

Os cânceres de cabeça e pescoço são relativamente frequentes em todo o mundo, em especial nos países de média e baixa renda. Nos EUA, representam 4% de todos os cânceres. No Brasil, estão entre os cânceres mais frequentes na população masculina. No mundo, estima-se que tenham ocorrido cerca de 700 mil casos de cânceres de cavidade oral, faringe e laringe em 2012. Esses cânceres são mais comuns em homens e em indivíduos acima de 50 anos.

Fatores de risco:

O consumo de tabaco (incluindo os hábitos de mascar e aspirar tabaco) e o consumo de álcool são, de longe, os principais fatores envolvidos com o câncer de cabeça e pescoço, em especial os cânceres de cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe. Ao menos 75% dos cânceres de cabeça e pescoço são devidos ao consumo de tabaco e álcool. Indivíduos que usam essas substâncias possuem maior risco que os indivíduos que utilizam apenas uma delas.

Outros fatores conhecidos são as infecções virais (em particular o HPV, papilomavírus humano, relacionado ao câncer de orofaringe), exposição ocupacional e exposição à radiação ionizante.

O câncer de nasofaringe é um caso à parte. Esse tipo de câncer é mais frequente em pacientes asiáticos e está associado à infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV).

Sinais e sintomas:

Os sintomas são geralmente inespecíficos e, por isso, podem levar ao atraso no diagnóstico. São habituais feridas que não cicatrizam e nódulos que não desaparecem. Destacam-se algumas queixas de acordo com o local de origem:

• Câncer de cavidade nasal e seios paranasais: sinusite crônica que não melhora com uso de antibiótico, sangramento nasal ou obstrução nasal; • Câncer de nasofaringe: dor e ruídos no ouvido e dificuldade de escutar; • Câncer de cavidade oral: feridas que não cicatrizam ou nódulos persistentes, alterações dentárias, dor persistente e sangramento não usual na boca; • Câncer de laringe: dificuldade para respirar, rouquidão e tosse; • Câncer de orofaringe: dificuldade para falar, dificuldade de engolir alimentos e dor no ouvido; • Câncer das glândulas salivares: inchaço embaixo do queixo ou da mandíbula.

Diagnóstico:

Para se estabelecer o diagnóstico, o profissional de saúde deve avaliar a história médica do paciente e realizar um exame físico minucioso, além de alguns exames complementares. Retirar um fragmento de tecido das lesões suspeitas (biópsia) e encaminhar para um patologista é fundamental. A análise microscópica do tecido é necessária para a confirmação pelo patologista, que irá examinar o material coletado do paciente ao microscópio à procura de células malignas compatíveis com o diagnóstico. Para verificar a extensão do câncer, podem ser necessários alguns exames de imagem e laboratoriais, além de exames específicos, como a rinoscopia, a laringoscopia e a faringoscopia.

Classificação:

A maioria dos casos de câncer de cabeça e pescoço é chamada de carcinoma epidermoide, ou carcinoma de células escamosas (CEC). Essa informação é dada pelo patologista e é útil na decisão do tipo de tratamento. A localização do tumor primário (onde o tumor se iniciou) também é importante, já que o tratamento pode ser diferente. Os diferentes sítios primários foram citados na introdução deste texto.

Estadiamento:

A extensão da doença no momento do diagnóstico é um fator-chave para definir o prognóstico e determinar qual o melhor tratamento. O sistema de estadiamento comumente utilizado para os tumores de cabeça e pescoço é o sistema TNM (tumor linfonodo metástase). Esse sistema classifica os cânceres de acordo com o tamanho e a extensão do tumor primário (T), o envolvimento dos linfonodos regionais (N) e a presença ou ausência de metástases (M). Recentemente, incorporaram-se novos fatores prognósticos não anatômicos na classificação. Os tumores são classificados de acordo com os sistemas de estadiamento dos respectivos grupos: lábio e cavidade oral, faringe, laringe, cavidade nasal e seios paranasais e glândulas salivares. Em geral, os cânceres são classificados entre estádios 0 e IV, sendo os tumores iniciais classificados como estádios 0 e I.

Tratamento:

O tratamento depende de uma série de fatores relacionados ao tumor (estadiamento, localização e tipo histológico) e ao paciente (idade e estado geral clínico).

Os pilares do tratamento do câncer de cabeça e pescoço são a cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia, a terapia-alvo molecular e a combinação entre várias modalidades. É fundamental a integração entre o cirurgião de cabeça e pescoço, o oncologista e o radioterapeuta, a fim de se determinar a melhor opção terapêutica e evitar procedimentos desnecessários.

Importantes avanços ocorreram na última década, incluindo aperfeiçoamentos nas técnicas operatórias, avanços nas técnicas de radioterapia e diferentes estratégias de quimioterapia. Sempre que possível, segue-se o conceito de preservação de órgão, que permite ao paciente não apenas o controle da doença, mas também a manutenção de uma boa qualidade de vida e de interação social, familiar e profissional.

Além disso, os novos tratamentos permitem maior conforto e tolerabilidade ao paciente. A radioterapia de intensidade modulada (IMRT) é um desses marcos, capaz de prevenir a incidência de xerostomia tardia (boca seca), que sempre foi um dos eventos complicadores da radioterapia convencional. O advento da terapia de alvo molecular é outro avanço, uma vez que a droga passa a agir diretamente nas células tumorais, evitando os efeitos colaterais da quimioterapia.

Prognóstico:

O prognóstico dependerá da extensão da doença ao diagnóstico (estadiamento), das características biológicas do tumor e da presença de comorbidades, ou seja, de doenças associadas. O crescente aprimoramento das técnicas cirúrgicas, da radioterapia e da quimioterapia são fatores que aumentam a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes.

O conhecimento da biologia molecular dos tumores também trouxe ganhos, uma vez que hoje dispomos de terapias-alvo, com medicamentos inteligentes, direcionadas contra o tumor, que poupam os pacientes dos efeitos adversos da quimioterapia. Sempre que possível, busca-se o tratamento de preservação de órgãos.

Prevenção e Detecção Precoce:

A doença tem alto potencial de prevenção, visto sua relação intrínseca com o tabagismo e etilismo. Campanhas voltadas a reduzir o início dos hábitos de beber e fumar, principalmente entre jovens, são prioritárias e merecem forte apoio da população.

Os pacientes que foram tratados por causa de cânceres de cabeça e pescoço têm maior risco de desenvolver um segundo câncer, geralmente de cabeça e pescoço, esôfago e pulmão. Esse risco é maior nos pacientes que fumam e consomem álcool. Nesse sentido, os pacientes são estimulados a parar de fumar e de consumir álcool em excesso.

Para os tumores de orofaringe, acredita-se que a vacinação contra o HPV possa diminuir o risco de contrair a doença.

Segundo recomendações do INCA, é essencial manter uma boa higiene bucal, ter os dentes tratados e fazer uma consulta odontológica de controle a cada ano. Uma dieta saudável, rica em vegetais e frutas, é capaz de prevenir o câncer de cabeça e pescoço.

As evidências existentes não são adequadas para determinar se o rastreamento do câncer oral diminui a mortalidade da doença.

Câncer de Cólon e Reto

Definição:

O intestino grosso (cólon e reto) faz parte do sistema digestivo e consiste em um longo tubo muscular de aproximadamente 1,5 metros de comprimento, que tem a finalidade de absorver água e nutrientes e eliminar os resíduos alimentares sob a forma de fezes. Normalmente, as células crescem e se dividem para formar novas células e substituir aquelas que envelheceram e morreram. Às vezes esse processo sofre alterações e as células começam a se dividir sem necessidade, enquanto as células velhas não morrem quando deveriam. Esse processo é chamado de crescimento tumoral e, quando essas células têm a capacidade de invadir tecidos vizinhos e se alojar em órgãos distantes, chamamos de câncer. Quando ocorre nas células que compõem o cólon e o reto, chamamos de câncer de cólon e reto.

Epidemiologia:

A doença é mais frequente no sexo masculino do que no feminino (cada caso identificado em mulheres corresponde a 1,4 casos encontrados nos homens). A incidência do câncer do cólon e reto está aumentando em países onde o risco era considerado baixo, como Japão e outras nações asiáticas. Em países sabidamente com alto risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer, a incidência apresenta uma estabilidade ou até mesmo um declínio, como é o caso dos países da Europa Ocidental, do norte Europeu e da América do Norte, além da Austrália.

Sem considerar os tumores da pele não melanoma, o câncer do cólon e reto entre os homens é o segundo mais frequente na região sudeste do Brasil (22/100 mil) e o terceiro nas regiões sul (18/100 mil) e centro-oeste (14/100 mil). Na região norte (4/100 mil), ocupa a quarta posição e, a região nordeste (5/100 mil), a quinta. Entre as mulheres, é o segundo mais frequente nas regiões sudeste (23/100 mil) e sul (20/100 mil), o terceiro nas regiões centro-oeste (15/100 mil) e nordeste (7/100 mil), e o sexto na região norte (5/100 mil).

Fatores de risco:

Ainda não se sabe o que exatamente causa o câncer de cólon e reto, entretanto sabe-se que a doença não é contagiosa. Pesquisas mostram que algumas pessoas têm maior risco de ter câncer de cólon e reto do que outras. Esses indivíduos apresentam determinados fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver câncer de cólon e reto. Os principais são: idade acima de 50 anos (mais de 90% dos tumores aparecem depois dessa idade), presença de pólipos no intestino, histórico familiar de câncer de cólon e reto, histórico pessoal de câncer (quem já teve câncer de cólon e reto ou câncer de ovário, mama e corpo do útero), algumas doenças inflamatórias do intestino (Doença de Crohn e Colite Ulcerativa) e dieta rica em gordura e pobre em fibras, além de algumas alterações genéticas que predispõe ao aparecimento desse câncer em idade jovem (40 anos) com ou sem a ocorrência de pólipos no intestino.

Sinais e sintomas:

Os sintomas estão relacionados com o sistema digestivo. Mudanças no comportamento do intestino (constipação ou diarreia), sensação que o intestino não esvaziou direito, aparecimento de sangue nas fezes, mudança no diâmetro das fezes, emagrecimento, dor ou cólica abdominal, vômitos e náuseas e cansaço. Outras condições podem causar esses sintomas, mas se você apresentar um ou mais dos fatores de risco para o câncer de cólon e reto, uma verificação mais rigorosa faz-se mais necessária. Mesmo indivíduos sem qualquer fator de risco devem investigar os sintomas, caso eles se tornem crônicos.

Diagnóstico:

O seu médico irá conduzir uma investigação diagnóstica para saber se os sintomas (ou o resultado alterado dos seus exames de rastreamento) podem ser, ou não, câncer de cólon e reto. Essa investigação diagnóstica inclui uma longa entrevista clínica, alguns exames complementares e, caso haja alguma suspeita (presença de pólipos ou tumores), a realização de uma biópsia (retirada de tecido para análise). A confirmação é feita somente pela análise de tecido.

Classificação:

O exame histopatológico permite classificar qual o tipo de câncer, além de fornecer outras características biológicas do tumor que podem ajudar na escolha do tratamento e na definição do prognóstico da doença.

Estadiamento:

Após o diagnóstico e a classificação, é feito o estadiamento da doença, ou seja, verificar a a sua extensão. Para isso, geralmente são pedidos exames complementares, como exames laboratoriais, exames endoscópicos (colonoscopia, retossigmoidoscopia, entre outros) e exames de imagem direcionados ao abdômen e, eventualmente, para outras regiões. O objetivo é determinar o tipo ideal de tratamento para cada paciente.

Tratamento:

Habitualmente o tratamento envolve uma equipe multiprofissional que inclui cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, entre outros profissionais médicos e não médicos. O tratamento pode ser local (quando envolve a retirada do tumor ou o tratamento específico para o local do tumor) ou sistêmico (quando o tratamento visa tratar as células tumorais que estejam em outro local que não seja o cólon e reto). O tratamento cirúrgico pode ser feito por meio de uma colonoscopia, por uma cirurgia laparoscópica ou por uma cirurgia convencional. A radioterapia também é considerada um tratamento local. O tratamento sistêmico pode envolver a utilização de quimioterapia e/ou terapia biológica (anticorpos monoclonais).

Prognóstico:

O prognóstico dependerá da extensão da doença no momento do diagnóstico, das características biológicas do tumor e das condições de saúde do paciente. Com os avanços das técnicas cirúrgicas, da radioterapia e dos medicamentos (quimioterápicos), o prognóstico é muito bom para a maioria dos pacientes. A introdução da detecção precoce por meio do rastreamento aumenta as chances de identificar um tumor inicial e, com isso, melhorar ainda mais o prognóstico.

Prevenção e Detecção Precoce:

A prevenção primária se dá pela diminuição dos fatores de risco. Dentre os fatores de risco que podem ser alterados temos a dieta. Procurar adotar uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes e verduras e pobre em gorduras, diminui o risco de câncer de cólon e reto. Os indivíduos com um ou mais dos fatores de risco não evitáveis para esse tipo de câncer devem procurar aconselhamento médico para discutir qual a melhor estratégia para a detecção precoce. Os indivíduos que não apresentam esses fatores de risco não evitáveis devem iniciar o rastreamento do câncer de cólon e reto a partir dos 50 anos. O tipo e a periodicidade dos exames devem ser discutidos com seu médico.

Câncer de Esôfago

Definição:

O esôfago é um “tubo” que leva o alimento da boca ao estômago e permite a passagem do alimento para o sistema digestivo. Formado por três camadas de tecido (mucosa, muscular e tecido conjuntivo), é um tipo de câncer que acomete as células de revestimento do esôfago. O esôfago é dividido em três partes (superior, médio e inferior). O câncer dos terços superior e médio, em geral, são carcinomas epidermoides, enquanto os cânceres do terço inferior, em geral, são adenocarcinomas.

Epidemiologia:

É um câncer relativamente frequente: o oitavo mais frequente no mundo e o mais comum em homens. Indivíduos de países em desenvolvimento são mais suscetíveis à doença. Cerca de 75% dos cânceres de esôfago ocorrem em países de média e baixa renda. Incidência e mortalidade são 2 a 4 vezes maiores em homens em relação às mulheres. No Brasil, o câncer de esôfago, em homens, é mais frequente nas Regiões Sul e Centro- Oeste.

Fatores de risco:

Os principais fatores de risco estão relacionados a hábitos de vida, como tabagismo, uso abusivo de álcool e obesidade. O excesso de peso aumenta o risco de câncer de esôfago, em especial em homens. O consumo de tabaco aumenta o risco de ambos os tipos de câncer de esôfago (adenocarcinoma e carcinoma epidermoide). O consumo de álcool aumenta o risco de carcinoma epidermoide de esôfago. Uma condição médica chamada de esôfago de Barrett aumenta o risco de câncer de esôfago, ainda que esse aumento seja pequeno. Outro fator de risco é a idade: mais de 80% dos casos ocorrem em indivíduos acima dos 60 anos.

Sinais e sintomas

O principal sintoma dos pacientes com suspeita de câncer de esôfago é a disfagia (dificuldade de engolir) para os alimentos sólidos e, evolutivamente, para os alimentos pastosos e líquidos. A dor é geralmente um sintoma tardio e ocorre na região atrás do osso esterno. O emagrecimento ocorre tanto pela dificuldade de deglutição como pela perda do apetite. Eventualmente aparecem tosse e rouquidão.

Diagnóstico

Os exames frequentemente utilizados para o diagnóstico são a endoscopia digestiva (esofagoscopia) e o raio-x contrastado do esôfago.

O câncer inicial do esôfago pode aparecer, na endoscopia, como placas superficiais ou ulcerações, e as lesões mais avançadas, como massas ou grandes ulcerações. A biopsia da lesão, por ocasião da endoscopia, confirmará o diagnóstico.

Classificação

Existem dois tipos principais: (1) o carcinoma de células escamosas, comumente localizado nos terços superior e médio, (2) o adenocarcinoma, mais frequentemente localizado no terço inferior e associado à presença de esôfago de Barrett. Ambos compreendem cerca de 95% de todos os tumores malignos do esôfago e diferem não somente na histologia e localização, mas também nos fatores predisponentes e prognóstico.

Estadiamento

Em geral, utiliza-se o sistema TNM de classificação e estadiamento do tumor. O sistema TNM classifica os tumores de esôfago entre os estágios 0 e IV, sendo os tumores 0, I e II iniciais e III e IV avançados. O grau histológico do tumor (de 1 a 3) também é utilizado no estadiamento e ajuda a entender o comportamento biológico do tumor e qual o tratamento necessário.

Tratamento

As opções de tratamento são cirurgia, radioterapia, quimioterapia, individualmente ou em combinação. Em geral, a cirurgia isolada é utilizada para os cânceres de esôfago iniciais. A combinação quimioterapia/radioterapia/cirurgia é utilizada tanto para os tumores iniciais como para os tumores avançados.

Prognóstico

O prognóstico depende de fatores relacionados ao tumor, ao tratamento e ao paciente. Em geral, os adenocarcinomas têm melhor prognóstico em relação aos carcinomas epidermoides. Quanto maior o estadiamento, pior o prognóstico. Quanto maior o grau histológico, pior o prognóstico. A sobrevida em cinco anos para tumores localizados é de 40%-50% nos países desenvolvidos. Para tumores localmente avançados ou metastáticos, a sobrevida em cinco anos varia entre 5%-20% nos países desenvolvidos.

Prevenção e Detecção Precoce

Não fumar, manter um peso ideal e não consumir álcool em excesso diminuem os riscos de desenvolver câncer no esôfago. Em indivíduos com refluxo gastroesofágico, medidas para conter o refluxo podem diminuir o risco de adenocarcinoma de esôfago. Alguns estudos clínicos estão avaliando a eficácia dessas medidas. Não há recomendação para o rastreamento da doença em indivíduos sem sinais e sintomas.

Câncer de Estômago

Definição

O estômago é um órgão em forma da letra J, faz parte do aparelho digestivo e se localiza na parte superior do abdômen. O alimento caminha da boca para o estômago, passando pelo esôfago. No estômago, o alimento é parcialmente digerido e levado por movimentos da parede do próprio órgão em direção ao intestino.

Ele é composto de cinco camadas de tecido. A camada interna em contato com o alimento é denominada mucosa; já a mais externa (que reveste o órgão) é chamada de serosa. As outras são a submucosa (abaixo da mucosa), muscular e subserosa (abaixo da serosa).

Também conhecido como câncer gástrico, é o tumor que acomete as células de revestimento do estômago. Os tumores de estômago geralmente começam na camada mucosa e podem progredir para as outras camadas.

Epidemiologia

É o terceiro principal tipo de câncer entre os homens e o quinto entre as mulheres, acometendo, principalmente, homens com idade entre 60 e 70 anos. No Brasil, são registrados, em média, 21 mil casos por ano.

Fatores de risco

Não se sabe a exata causa do câncer de estômago. Pessoas com determinados fatores de risco são mais propensas a desenvolver a doença. Alguns fatores de risco que estão comumente envolvidos no seu aparecimento são os seguintes: infecção pela bactéria Helicobacter pylori (H.pylori); inflamação crônica do estômago (gastrite crônica); anemia perniciosa; consumo de cigarro; histórico familiar de câncer de estômago; dieta rica em alimentos defumados, salgados ou processados e pobre em frutas, legumes e verduras; presença de pólipos no estômago.

Sinais e sintomas

O câncer de estômago inicial pode não apresentar sintomas. Sintomas e sinais como desconforto leve na região do estômago, sensação de plenitude após alimentação, sensação de queimação e perda de apetite podem aparecer nos estágios iniciais da doença.

Conforme o tumor começa a crescer, os sintomas mais frequentes são: maior desconforto ou dor na região do estômago (acima do umbigo); dificuldade em engolir; náuseas e vômitos; perda de peso; coloração amarelada da pele e dos olhos, aumento do volume abdominal; sangue nas fezes ou vômitos com sangue.

Diagnóstico

O seu médico vai conduzir uma investigação diagnóstica para saber se seus sintomas podem ser, ou não, um câncer de estômago. Não é incomum encaminhar o paciente para um especialista (gastroenterologista) para conduzir a investigação.

Alguns exames comumente realizados no processo de investigação são um exame físico minucioso, alguns exames laboratoriais, algum exame radiológico (por exemplo, tomografia computadorizada), uma endoscopia digestiva alta (passagem de um aparelho para visualização do órgão) e uma biópsia, caso haja alguma lesão suspeita.

Classificação

O exame histopatológico da biópsia do estômago permite classificar o tipo de câncer. Os adenocarcinomas são os cânceres que se originam das células de revestimento do estômago (mucosa). Esse é o tipo de câncer mais frequentemente encontrado no estômago. Outros menos frequentes são os linfomas, os tumores do estroma gastrointestinal (GIST) e os sarcomas.

Ao examinar as células cancerígenas, é possível classificá-las de acordo com o grau de diferenciação celular em três graus (1, 2 e 3). Quanto maior o grau, mais anormal parece ser a célula e mais agressivo é o tumor. Na avaliação da biópsia, também é importante saber a profundidade da lesão (se compromete apenas a mucosa ou outras camadas do estômago).

Estadiamento

Após o diagnóstico e a classificação histológica, é feito o estadiamento da doença, ou seja, verifica-se a extensão dela. Para isso, geralmente são pedidos exames complementares, especialmente exames de imagem, como RX do tórax e TC do abdômen, US do estômago por via endoscópica e até mesmo uma laparoscopia (visualização da cavidade abdominal por meio de um aparelho especial).

O objetivo é determinar a extensão da doença e o tipo ideal de tratamento para aquele paciente. O estadiamento utiliza os algarismos romanos de 0 a IV, sendo que os menores algarismos representam os cânceres localizados e os maiores os cânceres avançados. O estágio 0 representa os tumores não invasivos do estômago. Quanto mais o câncer avança em relação às várias camadas do estômago, maior o grau de estadiamento.

Tratamento

Habitualmente, o tratamento envolve uma equipe multiprofissional que inclui cirurgiões, oncologistas e radioterapeutas, entre outros profissionais médicos e não médicos.

O tratamento-padrão habitual envolve diferentes opções, de acordo com a extensão da doença. Não é infrequente a utilização de mais de uma modalidade de tratamento, cujas opções incluem cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia-alvo.

O tratamento é individualizado, portanto o que é melhor para um paciente pode não ser para outro. O melhor tratamento depende do estágio do tumor e das condições gerais de saúde do paciente.

Em geral, para tumores iniciais, estágios 0 e I, o tratamento mais indicado é a cirurgia. Para os mais avançados, existem combinações de tratamento envolvendo cirurgia/radioterapia/quimioterapia.

Prognóstico

O prognóstico dependerá da extensão da doença no momento do diagnóstico, das características biológicas do tumor e das condições de saúde do paciente. O prognóstico é muito bom para os tumores localizados e menos favorável para a doença avançada ou metastática.

Em países desenvolvidos, as taxas de sobrevida em cinco anos para tumores iniciais (estágios 0 e I) são maiores que 70%.

Prevenção e Detecção Precoce

A prevenção primária se dá pela diminuição dos fatores de risco. Entre os que podem ser modificados, diminuindo o risco, temos a infecção pelo H. pylori e o tabagismo.

Não existem evidências convincentes do benefício da adoção de dieta rica em frutas e verduras e utilização de suplementos de vitaminas na redução do risco, nem indícios de benefícios do rastreamento em áreas de baixa incidência desse tipo de câncer e na população de risco padrão.

Câncer de Fígado

Definição

O fígado é o segundo órgão em tamanho do corpo e se localiza abaixo do pulmão direito, dentro da cavidade abdominal. Possui diferentes funções, que vão desde o armazenamento de energia, sob a forma de nutrientes, e produção de bile e proteínas, entre outras, até a metabolização de substâncias tóxicas ao organismo. O câncer primário de fígado é o tumor maligno que acomete as células do fígado. O comprometimento do fígado por outros tumores localizados em diferentes partes do corpo é chamado de tumor maligno secundário de fígado ou câncer de fígado metastático.

Epidemiologia

Esse tipo de câncer é relativamente raro nos países desenvolvidos e bastante frequente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Acomete, com maior frequência, homens e em indivíduos acima dos 70 anos. Cerca de 2/3 dos cânceres de fígado ocorrem em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Pela sua alta letalidade, representa a segunda causa de mortes por câncer no mundo. No Brasil, não representa um dos dez cânceres mais frequentes na população masculina e feminina.

Fatores de risco

As hepatites virais B e C crônicas são os principais fatores relacionados à cirrose e ao câncer de fígado, correspondendo à maioria dos casos, seguidas pelo uso excessivo de álcool (alcoolismo crônico), hemocromatose hereditária, exposição a alguma toxina, infecção por certo parasito e determinadas doenças metabólicas.

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas mais comuns são nódulos ou endurecimentos na região do fígado, desconforto abdominal, aumento do volume abdominal, dor nas costas ou na região da escápula direita (omoplata direita), coloração amarelada da pele e mucosas, sangramento, cansaço e fraqueza, perda de apetite e emagrecimento.

Diagnóstico

Diferentes modalidades de exame podem ser utilizadas na investigação diagnóstica. Em geral, inicia-se com a coleta de uma boa história clínica e um minucioso exame clínico. Alguns exames de imagem, como US de abdômen, TC de abdômen e ressonância nuclear magnética (RNM), podem ser realizados. Exames de sangue, como provas de função hepática, e marcadores tumorais, como a alfa-feto-proteína, são frequentemente realizados. A confirmação é feita com a realização de uma biópsia por agulha fina, ou agulha grossa, ou por incisão do tumor por meio de uma laparoscopia.

Classificação

Existem dois tipos principais de câncer de fígado: o carcinoma hepatocelular e o colangiocarcinoma. O carcinoma hepatocelular (hepatocarcinoma) é derivado das células do tecido hepático (hepatócitos) e representa cerca de 80% dos tumores malignos do fígado. O colangiocarcinoma é derivado das células dos ductos biliares e é relativamente raro.

Estadiamento

Existem diferentes sistemas de estadiamento para o câncer de fígado. Dois bem conhecidos são o sistema TNM da União Internacional para o Controle de Câncer (UICC) e o sistema de estadiamento do câncer de fígado da clínica Barcelona (BCLC). O TNM classifica os tumores malignos do fígado entre estágios de I a IV. O estágio I é o mais inicial e o estágio IV é o mais avançado.

O BCLC classifica os cânceres em 0, A, B, C e D. Ele leva em consideração o tamanho do tumor, o estado clínico do paciente e a função do fígado. O estágio 0 é o mais inicial e o estágio D é o mais avançado.

Tratamento

Existem diferentes tipos de tratamento. A escolha vai depender do tamanho e da localização do tumor, do tipo e grau histológico, do estadiamento e do estado geral do paciente. Algumas modalidades de tratamento são as seguintes: cirurgia, transplante de fígado, terapia ablativa (remove ou destrói tecidos), terapia de embolização, terapia-alvo com agentes biológicos e radioterapia. Em algumas situações, os pacientes podem ser elegíveis para tratamentos experimentais, sendo incluídos em ensaios clínicos após consentimento esclarecido.

Prognóstico

O prognóstico depende do tipo de câncer, do estadiamento do tumor, do grau de funcionamento do fígado e do estado geral de saúde do paciente. Quanto maior a extensão da doença e pior estado geral do paciente, pior o prognóstico. Em geral, os cânceres de fígado possuem mau prognóstico, com pouco mais de 10% de sobrevida em cinco anos em pacientes de países desenvolvidos.

Prevenção e Detecção Precoce

A vacinação para hepatite B na população reduz o risco de infecção crônica, cirrose e, consequentemente, de hepatocarcinoma. Não há vacinas, no momento, para o vírus C, mas a regulação da utilização de sangue e hemoderivados pelos bancos de sangue e órgãos de vigilância sanitária reduziram significativamente os casos novos de hepatite C transmitidos por via transfusional.

Recomenda-se não consumir álcool em excesso.

Não há recomendação para a realização de rastreamento do câncer de fígado.

Câncer de Mama

Definição

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, aproximadamente 30% dos casos podem ser prevenidos com alguns hábitos, como alimentação saudável, manutenção de um peso corporal adequado, prática de atividade física regular, amamentação e redução do consumo de bebidas alcoólicas, além de evitar o uso de hormônios sintéticos, a exemplo dos anticoncepcionais e da reposição hormonal.

Epidemiologia

É o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), as estimativas de 2010 foram de 49.240 novos casos. Não há estimativas nacionais da incidência em homens, devido a sua raridade.

Fatores de risco

  • Idade
  • Obesidade
  • Bebidas alcoólicas
  • Exposição a radiações ionizantes
  • Terapia de reposição hormonal
  • História familiar de câncer de mama
  • Mutação genética dos genes BRCA1 e 2
  • Primeira menstruação precoce
  • Menopausa após os 50 anos
  • Primeira gravidez após os 30 anos
  • Não ter tido filhos

Sinais e sintomas

Podem ocorrer alterações na pele da mama (abaulamentos, retrações, vermelhidão e/ou aspecto tipo “casca de laranja”), alterações no mamilo (retrações, vermelhidão, saída de secreção), nódulos palpáveis na mama e/ou também na axila.

Em alguns casos não há sintomas, apenas alterações na mamografia, na ultrassonografia e/ou na ressonância nuclear magnética.

Diagnóstico

Para se estabelecer o diagnóstico, é necessária a confirmação pelo patologista. O mastologista realiza a biópsia e envia o material coletado para ser analisado pelo patologista, que irá procurar células compatíveis com o câncer de mama.

Classificação

Após o diagnóstico, o médico faz o estadiamento da doença - ou seja, verifica a sua extensão -, realizado por meio da análise do tamanho do tumor da mama, da quantidade de gânglios da axila que estão comprometidos e se há metástases em outros órgãos como pulmões, ossos, fígado e cérebro.

Após essa análise, o médico faz a classificação em estádios I, II, III e IV e escolhe o melhor tratamento para cada caso.

Estadiamento

As modalidades de tratamento incluem cirurgia, quimioterapia, terapia alvo molecular, hormonioterapia e radioterapia.

A escolha do tratamento de cada paciente é feita com base nas características do tumor (tipo histológico, estadiamento, receptores hormonais, receptor HER2) e nas características do paciente (idade, comorbidades, pré ou pós menopausa).

Existem vários tipos de quimioterapia, de terapia molecular e de hormonioterapia, sendo que cada paciente recebe o tratamento de acordo com suas características individuais e cada tipo de medicação tem efeitos adversos diferentes.

Tratamento

Se diagnosticado precocemente, o câncer de mama tem chance de cura com o tratamento adequado. Infelizmente, no Brasil, o diagnóstico ainda é feito em fases mais avançadas e a taxa de mortalidade continua alta. A sobrevida média mundial em 5 anos é de 61%.

O rastreio com mamografia é importante, pois torna possível o diagnóstico precoce e, consequentemente, aumenta a chance de sucesso com o tratamento e a sobrevida do paciente.

Prognóstico

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, aproximadamente 30% dos casos podem ser prevenidos com alguns hábitos, como alimentação saudável, manutenção de um peso corporal adequado, prática de atividade física regular, amamentação e redução do consumo de bebidas alcoólicas, além de evitar o uso de hormônios sintéticos, a exemplo dos anticoncepcionais e da reposição hormonal.

Prevenção e Detecção Precoce

As pacientes com idade entre 20 e 39 anos devem fazer exame clínico das mamas (pelo médico) a cada 2 ou 3 anos.

As pacientes acima de 40 anos devem fazer exame clínico das mamas (pelo médico) e mamografia anualmente.

Já às pacientes com história familiar de câncer de mama e/ou alterações genéticas, recomenda-se procurar orientação médica. O profissional irá decidir quais exames serão realizados e a frequência, pois em alguns casos a mamografia complementada pelo ultrassonografia das mamas, ressonância nuclear magnética das mamas ou ambas podem ser necessárias.

Câncer de Ovário

Definição

Os ovários (dois no total) fazem parte dos órgãos reprodutivos femininos. Eles estão localizados em uma região chamada pelve (abaixo do umbigo e dentro da bacia). Cada ovário ocupa, em média, um volume de 10 cc (cm cúbicos) ou o tamanho de uma amêndoa. Os ovários produzem os hormônios femininos (estrogênio e progesterona). Durante o período reprodutivo, eles “lançam” óvulos nas trompas e, caso fecundado, transformam-se em embriões. Na menopausa, as mulheres param de “lançar” esses óvulos e as taxas hormonais começam a diminuir. Um crescimento anormal frequente nos ovários são os cistos. Na maioria das vezes, os cistos são lesões benignas e desaparecem espontaneamente. Algumas vezes, esses cistos não desaparecem, aumentam de tamanho e podem significar a existência de câncer.

Epidemiologia

Sem considerar os tumores da pele não melanoma, é o sétimo câncer mais incidente na maioria das regiões do Brasil, com um risco estimado de 8 casos novos a cada 100 mil mulheres na região sul, 7 a cada 100 mil na região sudeste, 6 por 100 mil na região centro- oeste e 4 por 100 mil na região nordeste, enquanto, na região norte (2/100 mil), é o oitavo mais frequente.

Fatores de risco

O fator de risco mais importante para o desenvolvimento é a história familiar (mãe, irmã ou filha) de câncer do ovário, mas também de câncer de mama, útero e cólon e reto. Mulheres que já desenvolveram câncer de mama, útero e cólon e reto têm um risco maior que a população geral. Outros fatores de risco são a idade (mais de 55 anos), nunca ter engravidado e o uso de terapia de reposição hormonal somente com estrogênio por mais de 10 anos. Entre 5% a 10% dos casos de câncer de ovário são herança genética dos familiares.

Sinais e sintomas

Os sintomas podem ser insignificantes no início, mas à medida que o tumor cresce em tamanho, pode causar dor na pelve ou na barriga, aumento de tamanho do abdome, náuseas, constipação, má digestão e sensação de cansaço permanente. Na maior parte das vezes, esses sintomas não significam a existência de câncer de ovário, mas se a mulher apresentar fatores de risco na família e os sintomas não melhorarem - ou até piorarem -, ela deve procurar avaliação médica.

Diagnóstico

O médico irá conduzir uma investigação diagnóstica para saber se os sintomas podem indicar a presença de câncer de ovário. Essa investigação diagnóstica inclui uma longa entrevista clínica, exame da pelve, alguns exames complementares (como ultrassom da pelve e exames de sangue) e, caso haja alguma suspeita, a realização de uma biópsia da tumoração (geralmente por meio de uma cirurgia, mas eventualmente por uma laparoscopia). A confirmação é feita somente pela análise do tecido pelo patologista.

Classificação

O exame histopatológico permite classificar qual o tipo de câncer de ovário. A maioria é chamada de carcinoma epitelial. Outros tipos frequentes são os tumores de células germinativas. Alguns têm melhor prognóstico, como os tumores epiteliais bem diferenciados.

Estadiamento

Após o diagnóstico e a classificação do ovário, é feito o estadiamento da doença, ou seja, a verificação da sua extensão. Para isso, geralmente são pedidos exames complementares, como exames laboratoriais (marcadores tumorais), laparotomia (cirurgia que expõe a cavidade abdominal e pélvica) e exames de imagem direcionados ao abdômen. O objetivo é determinar o tipo ideal de tratamento para cada paciente.

Tratamento

Habitualmente o tratamento envolve uma equipe multiprofissional que inclui cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, entre outros profissionais médicos e não médicos. O tratamento padrão habitual para os tumores epiteliais e germinativos envolve cirurgia, quimioterapia e radioterapia, dependendo do estadiamento da doença no momento do diagnóstico.

Prognóstico

O prognóstico dependerá da extensão da doença no momento do diagnóstico, das características biológicas do tumor e das condições de saúde da paciente. Com os avanços das técnicas cirúrgicas, da radioterapia e dos medicamentos (quimioterápicos), o prognóstico é muito bom para os tumores localizados nos ovários e menor para a doença avançada ou metastática.

Prevenção e Detecção Precoce

A prevenção primária se dá pela diminuição dos fatores de risco. Dentre os fatores de risco que podem ser alterados, temos a obesidade e a utilização de reposição hormonal após a menopausa. Em mulheres com risco muito aumentado de câncer de ovário por herança genética familiar, a recomendação é aconselhamento com um geneticista (ou oncogeneticista) para avaliar individualmente o risco e as estratégias de controle. Não há evidências, até o momento, para ações de detecção precoce do câncer de ovário.

Câncer de Pâncreas

Definição

O pâncreas é parte do sistema digestivo que tem como principais funções a produção de insulina e de enzimas digestivas. Localiza-se no andar superior do abdômen, atrás do estômago. O órgão se divide em três partes: cabeça, corpo e cauda. A maior parte dos casos localiza-se na cabeça.

Epidemiologia

O câncer de pâncreas é pouco frequente, embora tenha ocorrido um aumento dos casos nos países desenvolvidos na última década. Ele ocorre com maior frequência em idosos e é pouco frequente em indivíduos abaixo de 40 anos. Homens e mulheres são afetados em proporções equivalentes. O adenocarcinoma é o tipo mais frequente, porém de pior prognóstico. Outro tipo é o neuroendócrino (produz insulina), que tem melhor prognóstico que o adenocarcinoma.

O câncer de pâncreas não figura entre os dez mais incidentes no Brasil na estimativa de casos novos de câncer do INCA de 2016.

Fatores de risco

Alguns hábitos de vida e certas doenças aumentam o risco de câncer de pâncreas. Não se sabe ao certo a sua causa, mas alguns fatores são identificáveis. Os principais são o consumo de tabaco e álcool, excesso de peso e histórico pessoal e familiar de câncer. Os cânceres de ocorrência familiar geralmente relacionados ao câncer de pâncreas são mama, ovário e o próprio câncer de pâncreas.

Algumas síndromes familiares relacionadas a essa doença são as seguintes: síndrome de Peutz-Jeghers e ataxia-telangectasia, polipose adenomatosa familiar, câncer colorretal não polipoide hereditário e múltiplos nevos atípicos (familiar).

Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas da doença dependem da localização do tumor primário (cabeça, corpo e cauda do pâncreas) e, na maioria dos casos, são vagos e imprecisos. Cerca de 70% dos pacientes procuram um médico por causa de dor, geralmente localizada na região do estômago, alastrando-se para as costas.

A dor é mais comum nos tumores de corpo e cauda do pâncreas.

Cerca de 10% dos pacientes apresentam icterícia (coloração amarelada da pele e mucosas). A urina fica mais escura, e as fezes, mais claras. A parte branca dos olhos também pode ganhar uma coloração mais amarelada. A icterícia é mais comum nos tumores de cabeça do pâncreas.

A perda de peso (10% do peso corporal) é um sintoma pouco frequente, mas pode indicar um mau prognóstico. A perda de peso é mais frequente nos tumores de cabeça do pâncreas.

Outros sintomas menos frequentes são coceiras no corpo, mudanças no funcionamento do intestino, indigestão, aparecimento de trombos nas veias e diabetes.

Diagnóstico

O diagnóstico definitivo é histopatológico e a biópsia pode ser obtida por meio de cirurgia (laparoscopia ou laparotomia), de ultrassonografia endoscópica ou colangiopancreatografia retrógrada, ou ainda guiada por tomografia computadorizada ou ultrassonografia. É comum a realização de outros exames, como de imagem e sangue.

Classificação

Existem dois tipos principais: o carcinoma (tumor exócrino) e o tumor neuroendócrino (tumor das ilhotas do pâncreas). O carcinoma (adenocarcinoma) é derivado das células que produzem as enzimas pancreáticas e ajudam o processo de digestão. O câncer das ilhotas do pâncreas é derivado das células produtoras de insulina e glucagon (hormônios que controlam o nível de glicose no sangue) e é relativamente raro. Existem outros tipos mais raros de câncer que acometem o pâncreas, como linfomas e sarcomas.

Estadiamento

Em geral, utiliza-se o sistema TNM (tamanho, linfonodo e metástase) para avaliar a sua extensão. O sistema classifica os tumores entre 0 e IV, sendo os tumores 0 e II considerados localizados e os tumores III e IV como avançados. Quanto maior o estadiamento, pior o prognóstico. Os tumores neuroendócrinos do pâncreas são classificados como bem diferenciados e pouco diferenciados. Os bem diferenciados têm melhor prognóstico.

Tratamento

O estadiamento auxilia a escolha do tratamento. Além disso, o tipo de câncer, o estado geral do paciente e a localização do tumor são importantes para definir a melhor alternativa.

As principais modalidades são cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia-alvo. Em geral, utilizam-se combinações de dois ou mais tratamentos entre as diferentes modalidades disponíveis.

Prognóstico

O prognóstico depende do tipo de câncer, do estadiamento do tumor, da localização do tumor e do estado geral de saúde do paciente. Quanto maior a extensão da doença e pior o estado geral do paciente, pior o prognóstico. Em geral, os cânceres de pâncreas exócrinos têm mau prognóstico. Os tumores que são operáveis geralmente apresentam melhor prognóstico.

A sobrevida em cinco anos para a doença localizada nos países desenvolvidos é de 10%-30% e para a doença avançada, cerca de 5%.

Prevenção e Detecção Precoce

Evitar o consumo de álcool e a exposição ao tabaco são formas de diminuir o risco. Atividade física e alimentação saudável são outras estratégias indiretas. Isso porque contribuem com a manutenção de um peso ideal, prevenindo o diabetes, que, por sua vez, é fator de risco para o câncer de pâncreas.

Câncer de Pele

Definição

A pele é considerada um órgão do sistema tegumentar, que inclui ainda cabelo, pelos, unhas e glândulas sudoríparas e sebáceas. Composta de duas camadas (epiderme e derme), suas principais funções são proteger os tecidos subjacentes e regular a temperatura corporal. Além disso, armazena água e gordura para o organismo. O câncer de pele se origina das células da epiderme (células escamosas, células basais e melanócitos). Os cânceres que se originam das células escamosas e basais são chamados de não melanoma e os que se originam dos melanócitos são chamadas de melanomas.

Epidemiologia

No Brasil, o Ministério da Saúde estima para 2016-2017 cerca de 180 mil casos por ano. Aproximadamente 95% ou mais dos casos são cânceres de pele não melanoma e apenas 5% ou menos de câncer de pele do tipo melanoma. O câncer de pele não melanoma é mais frequente nas mulheres em relação aos homens (em torno de 95 mil casos para as mulheres e 80 mil para os homens). O melanoma é mais frequente em homens (3 mil casos) do que em mulheres (2.600 casos). As regiões com maior risco são a Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As áreas expostas ao sol são os locais com maior probabilidade de aparecimento do câncer de pele, em particular os cânceres do tipo não melanoma.

Fatores de risco

O principal fator de risco é a exposição excessiva às radiações solares (radiações UVA e UVB). Outros fatores importantes são envelhecimento, história pessoal e familiar de câncer de pele e tipo de pele. Indivíduos de pele, olhos e cabelos claros têm maior risco de desenvolver algum tipo de câncer de pele, em especial o melanoma. Pessoas com muitos sinais ou pintas e que queimam rapidamente após a exposição solar possuem maior risco de melanoma. Outro fator de risco pouco frequente em nosso País, mas bastante frequente nos países desenvolvidos, é a utilização de câmaras de bronzeamento artificial.

Sinais e sintomas

Os cânceres de pele melanoma e não melanoma possuem características clínicas diferentes. Os sinais e sintomas mais frequentes nos cânceres não melanoma são: manchas ou feridas que não desaparecem em quatro semanas ou manchas e feridas que coçam, sangram ou formam cascas que permanecem após quatro semanas, úlceras que não cicatrizam após quatro semanas de tratamento, nódulos de coloração vermelha ou rósea que crescem lentamente e manchas vermelhas que não desaparecem após algum tempo ou após tratamento. Frequentemente as lesões aparecem em áreas expostas ao sol.

Nos cânceres do tipo melanoma, o paciente frequentemente apresenta pintas que mudam de cor, de forma, de relevo, de simetria, que coçam ou se tornam dolorosas, que sangram ou formam uma casca e que parecem inflamadas. Manchas escuras debaixo das unhas que não tenham uma causa aparente devem ser investigadas. Em geral, o melanoma, no homem, é mais frequente na cabeça, no pescoço e no tronco. Na mulher, nas pernas e nos braços.

Diagnóstico

O principal exame diagnóstico é a biópsia da lesão suspeita. Antes disso, é comum a realização de um exame minucioso da pele a “olho nu” ou utilizando um aparelho que possibilita aumentar o tamanho das lesões (dermatoscópio). Em geral, a biópsia é feita com anestesia local e o fragmento de pele é encaminhado para exame histopatológico em um laboratório especializado. Existem diferentes tipos de biópsia: biópsia excisional (retira a lesão), biópsia incisional (retira fragmento da lesão) e as biópsias por shaving e punch, que utilizam técnicas específicas. Após cerca de duas a três semanas, o resultado deve ser levado para avaliação do médico.

Classificação

Os cânceres de pele são classificados como não melanoma e melanoma. Os cânceres do tipo melanoma podem ainda ser classificados de acordo com alguns subtipos. Os diferentes tipos de melanoma, em geral, são diagnosticados pelos mesmos métodos. Os subtipos de melanoma são: extensivo superficial, nodular, lentigo, acral e amenalótico. O subtipo extensivo superficial é o mais frequentemente encontrado. Os cânceres de pele melanoma correspondem a 5% ou menos dos casos de câncer de pele. Os do tipo não melanoma frequentemente são classificados como basocelulares ou espinocelulares (ou epidermoide). Outros subtipos menos frequentes são carcinoma das células de Merkel, sarcoma de Kaposi e linfoma de células T. Eles correspondem a menos de 1% dos casos de câncer de pele diagnosticados nos países desenvolvidos. Os cânceres basocelulares correspondem a 75% dos cânceres de pele e o carcinoma epidermoide a 20% dos casos.

Estadiamento

O estadiamento se dá de forma diferente para os tumores não melanoma e melanoma. Os carcinomas basocelulares, em geral, não precisam ser estadiados porque geralmente não se espalham para outros tecidos e órgãos. Eles são estadiados somente se forem muito grandes.

O sistema de estadiamento frequentemente utilizado para os tumores de pele não melanoma é o TNM (Tumor, Linfonodo, Metástase). A classificação varia entre 0 e 4, sendo os menores valores os de melhor prognóstico.

Outro sistema utilizado em conjunto com o sistema TNM é a avaliação do grau histológico do tumor, que analisa o quanto as células que compõem o tumor maligno se aproximam ou diferenciam da célula normal da pele. A classificação varia de 1 a 4, sendo os menores valores correspondentes aos tumores bem ou moderadamente diferenciados, mais próximos das células normais.

Os cânceres do tipo melanoma também podem ser classificados pelo sistema TNM, mas, em geral, utiliza-se o sistema de Clark e Breslow para indicar a sua profundidade e o comprometimento. O sistema de Clark (ou escala de Clark) classifica o melanoma em cinco níveis (de 1 a 5). Quanto maior o nível, maior a profundidade e pior o prognóstico. O sistema de Breslow mede a profundidade a partir de um instrumento de medida chamado micrometro. A medida da escala de Breslow é utilizada na classificação TNM para melanoma, que também apresenta variações entre 0 e 4, sendo os maiores valores os de pior prognóstico.

Tratamento

O tratamento também varia de acordo com o tipo de câncer (melanoma ou não melanoma). Para os cânceres não melanoma, ele depende do tipo de câncer, do tamanho, da localização e do estado geral do indivíduo com o câncer. A cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia e tratamentos mais recentes, como a terapia fotodinâmica (FDT) e terapias tópicas são os mais utilizados.

Para tumores pequenos, a cirurgia é umas das intervenções mais realizadas e podem ser utilizadas diferentes técnicas, como a cirurgia excisional, a crioterapia, a curetagem e cauterização e a cirurgia de Mohs.

Para grandes tumores, os procedimentos cirúrgicos são mais extensos e podem envolver a retirada de linfonodos e um tratamento complementar.

Para tumores em que não estão indicadas as técnicas cirúrgicas acima descritas, pode-se optar pelo tratamento com radioterapia externa ou interna (braquiterapia).

No caso de cânceres do tipo melanoma, o tratamento, em geral, é cirúrgico. A radioterapia pode ser usada em algumas situações como complemento ao tratamento cirúrgico. Para os casos de melanoma em estágios avançados, quimioterapia e a terapia biológica (terapia-alvo ou imunoterapia) são opções.

Vacinas terapêuticas para o controle do melanoma estão sendo testadas, porém o acesso a essas vacinas somente ocorre no âmbito de pesquisa (ensaio clínico).

Prognóstico

O prognóstico depende de numerosos fatores. Em geral, os cânceres de pele, em particular os carcinomas basocelulares, não causam a morte do indivíduo. Nos cânceres do tipo melanoma, os tumores iniciais (estágios de 0 a 2) têm uma sobrevida em cinco anos alta (de 80% a 100%), enquanto os tumores avançados (3 e 4) variam entre 10% e 50%.

Prevenção e Detecção Precoce

A prevenção primária envolve predominantemente a diminuição da exposição excessiva às radiações ultravioleta (radiação solar).

As principais estratégias de prevenção são a não exposição nos períodos de maior intensidade de radiação (10h -16h) e a utilização de diferentes barreiras ou proteções (protetor solar, camisas e bonés, barracas, sombras naturais, como árvores, e sombras artificiais, como marquises e tendas). A utilização do protetor solar deve ser feita sob orientação de um dermatologista, uma vez que envolve fatores como tipo de pele, a atividade (trabalho e lazer) em que o indivíduo estará exposto, o tempo de exposição e o horário, entre outros.

Não existem evidências suficientes para recomendar o rastreamento dos cânceres de pele melanoma e não melanoma. Indivíduos sob risco (exposição solar e história familiar) devem ficar atentos a mudanças na coloração e textura da pele e a mudanças nas características de sinais já existentes ou novos.

Câncer de Próstata

Definição

A próstata é parte do sistema reprodutivo masculino. Anatomicamente, está localizada na frente do reto (final do intestino) e embaixo da bexiga. Ela envolve a uretra, canal que leva a urina da bexiga para fora do corpo.

Normalmente, a próstata tem as medidas de uma noz, entretanto, quando aumentada de tamanho, pode comprimir a uretra e diminuir ou cessar o fluxo de urina.

Ela também é uma glândula e produz parte do líquido seminal (que ajuda a carregar os espermatozoides) e uma proteína conhecida como PSA (Prostate-Specific Antigen) ou o antígeno prostático específico.

Tumores (crescimentos celulares) benignos e malignos podem acometer a próstata. O tumor maligno mais frequente dessa glândula é o adenocarcinoma da próstata.

Epidemiologia

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta a ocorrência de 10 casos para cada 100.000 habitantes, com idade entre 40 e 50 anos. À medida que a idade avança, a prevalência aumenta. Entre 80 e 85 anos, a prevalência passa a ser de 116 casos para cada 100.000 habitantes, sendo mais comum no gênero masculino. Excetuando-os os tumores de pele não-melanoma, o câncer de próstata é o mais prevalente nos homens.

Fatores de risco

O fator de risco mais importante para o desenvolvimento desse tipo de câncer é a idade. Raro antes do 50 anos, o risco aumenta com a idade. História familiar de câncer de próstata e excesso de hormônio masculino (testosterona) podem aumentar a probabilidade de adquiri-lo. A ingestão de folato (tipo de Vit.B) e o uso de susbstâncias que diminuem os níveis de testosterona podem reduzir o risco.

Sinais e sintomas

Os sintomas normalmente estão relacionados às vias urinárias, como fluxo de urina reduzido ou urinar com muita frequência (e em pequena quantidade). Outros sintomas menos constantes são: interrupção do jato urinário, dificuldade para iniciar e manter o ato de urinar, dor ou queimação no momento de urinar, sangue na urina, dor permanente na bacia, no períneo (entre o pênis e o ânus) ou na região lombar e ejaculação dolorosa.

Diagnóstico

Os exames habitualmente realizados são o exame digital retal (toque retal), a dosagem de PSA no sangue, o US transretal e eventualmente a biópsia (transretal ou transperineal). A retirada de tecido da próstata para análise é o único método para confirmar um câncer de próstata localizado.

Classificação

O exame histopatológico permite classificar o tipo de câncer de próstata. A maioria dos casos da doença é chamada de adenocarcinoma (mais de 95%). O grau de diferenciação e anormalidade celular correlaciona-se diretamente com a agressividade do tumor. Esse grau de diferenciação é medido pela classificação de Gleason (valores entre 2 a 10). Quanto maior o valor, maior a agressividade do tumor.

Estadiamento

Após o diagnóstico e a classificação histológica, é feito o estadiamento da doença, ou seja, a verificação da extensão da enfermidade. Para isso, geralmente são pedidos exames complementares, especialmente exames de imagem, como cintilografia óssea, e eventualmente TC e RNM. O objetivo é determinar a extensão da doença e o tipo ideal de tratamento para aquele determinado paciente. O estadiamento do câncer de próstata utiliza os algarismos Romanos de I a IV, sendo os menores algarismos os cânceres localizados e os maiores algarismos os cânceres avançados.

Tratamento

Habitualmente envolve uma equipe multiprofissional que inclui cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, entre outros profissionais médicos e não médicos. O tratamento padrão habitual para os tumores de próstata envolve diferentes opções de acordo com a extensão da doença. Não é infrequente a utilização de mais de uma modalidade de tratamento, cujas opções incluem cirurgia, radioterapia, terapia hormonal, quimioterapia, imunoterapia e até a mesmo uma estratégia chamada observação vigilante. A melhor alternativa depende da idade do paciente, do grau de Gleason, do estágio do tumor, dos sintomas e do estado geral de saúde.

Prognóstico

O prognóstico dependerá da extensão da doença no momento do diagnóstico, das características biológicas do tumor e das condições de saúde do paciente. Com os avanços das técnicas cirúrgicas, da radioterapia e dos medicamentos (hormonioterapia, imunoterapia e quimioterápicos), ele é muito bom para os tumores localizados e menor para a doença avançada ou metastática.

Prevenção e Detecção Precoce

A prevenção primária se dá pela diminuição dos fatores de risco, sendo que o excesso de testosterona está entre os que podem ser alterados. Converse com o seu médico sobre a possibilidade da utilização de medicamentos que diminuem os níveis de testosterona, suas vantagens e desvantagens. O rastreamento, isso é, a realização de exames periódicos para identificação de tumores em homens que não apresentam sintomas, vem sendo estudado há várias décadas. Os dois maiores estudos sobre a efetividade do rastreamento em reduzir a mortalidade pelo câncer de próstata mostraram resultados contraditórios. Portanto, as evidências científicas não são suficientes para determinar se ele reduz a mortalidade pela doença.

Câncer de Pulmão

Definição

O câncer primário de pulmão é o câncer que acomete a traqueia, os brônquios ou o tecido pulmonar (alvéolos). As células anormais são provenientes de traqueia, brônquios e alvéolos, e não células provenientes de outros órgãos (no caso de as células malignas migrarem de outros órgãos para o pulmão, o câncer de pulmão é secundário ou metastático). Existem dois principais tipos de câncer de pulmão primário: o de pequenas células e o de não pequenas células. Existem diferentes tipos de câncer não pequenas células. Cada tipo difere em relação ao crescimento e comportamento biológico. Os tumores mais frequentes não pequenas células são o carcinoma epidermoide, o carcinoma de células grandes e o adenocarcinoma. Existem dois tipos principais de câncer de pulmão de pequenas células. São eles o tipo pequenas células (oat cell em inglês) e o tipo combinado. Em geral, nos países desenvolvidos, cerca de 85% dos casos de câncer de pulmão são não pequenas células e 15% de pequenas células.

Epidemiologia

Ele configura a segunda causa de morte por câncer, em homens e mulheres, no Brasil. Em 2018, foram registrados cerca de 31.270 novos casos da doença, sendo a maior parte em homens, embora a incidência venha aumentando entre as mulheres. Sua taxa de sobrevida em cinco anos é baixa, girando em torno de 18%, já que a maioria dos casos é diagnosticada em estágio avançado. 85% das ocorrências estão associadas ao tabagismo.

Fatores de risco

O tabagismo está envolvido em 80% a 90% dos casos de câncer de pulmão. O risco estimado é maior entre tabagistas em relação àqueles que não fumam. Quanto maior a quantidade de cigarros fumados por dia e a quantidade de anos fumando, maior o risco. O risco entre fumantes é 20 vezes maior em relação aos não fumantes. Estima-se que 25% dos casos de câncer de pulmão entre não fumantes estejam relacionados ao tabagismo passivo.

Outros fatores de risco são a exposição ambiental ou ocupacional ao gás radônio (proveniente do solo ou de minas de urânio), a exposição ocupacional ao asbesto e à sílica, a poluição do ar, a história familiar de câncer de pulmão e a radioterapia para outros cânceres.

Sinais e sintomas

Os sintomas mais frequentes são tosse persistente e hemoptise (escarro com sangue). Além desses, dor persistente no peito ou no ombro, perda de peso ou apetite, fadiga, pneumonia de repetição e falta de ar podem estar presentes.

Eventualmente, o câncer de pulmão pode ser descoberto incidentalmente a partir de exames de imagem solicitados em pacientes assintomáticos ou como parte de investigação para outras doenças.

Diagnóstico

Após a coleta de informações clínicas em indivíduos com sinais e sintomas suspeitos, em geral solicitam-se alguns exames complementares, como os de imagem (raios-x e tomografia computadorizada) e broncoscopia (visualização direta de traqueia e brônquios). Um fragmento do tumor é retirado para exame (biópsia). Para se estabelecer o diagnóstico de câncer de pulmão, é necessária a confirmação pelo patologista. Ele vai examinar o material coletado do paciente ao microscópio à procura de células malignas compatíveis com o diagnóstico. O material poderá ser o escarro (quando possível), lavado, aspirado, ou a biópsia do pulmão, coletados através de endoscopia pulmonar (broncoscopia), punção pulmonar direta com agulha fina e cirurgia.

Classificação

Além de dar o diagnóstico de câncer de pulmão, o patologista fornece outra informação valiosa para o médico assistente: o tipo de câncer de pulmão. Essa diferenciação é essencial, pois o tratamento é diferente para os dois principais tipos de câncer de pulmão (pequenas células e não pequenas células). Alguns cânceres de pulmão possuem mutações específicas em seus genes que podem ser identificadas por testes genéticos. Essas informações podem ajudar na escolha do melhor tratamento.

Estadiamento

Após o diagnóstico e a classificação do câncer de pulmão, o médico assistente avalia o estadiamento da doença, ou seja, verifica a sua extensão. Para isso, geralmente são solicitados exames complementares, como exames laboratoriais e exames de imagem direcionados ao tórax, abdômen e, eventualmente, ao crânio e aos ossos. O objetivo é determinar a extensão da doença e, assim, selecionar o tratamento ideal para cada paciente.

Para o câncer de pulmão não pequenas células, o sistema de estadiamento utilizado é o TNM (tumor, linfonodo e metástase). Os tumores são classificados entre estágios de I e IV e graus histológicos de 1 a 4. Quanto maior o estadiamento e grau histológico, pior o prognóstico.

O câncer de pulmão de pequenas células tem um sistema de estadiamento mais simples. Ele é classificado como “doença limitada”, que possui melhor prognóstico, ou “doença extensa”.

Tratamento

Os pilares do tratamento são a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. A integração entre o cirurgião torácico, o oncologista e o radioterapeuta é fundamental, com a finalidade de determinar a melhor opção terapêutica e evitar procedimentos desnecessários. A terapia-alvo molecular é uma nova estratégia que representa um avanço importante no tratamento dos pacientes com esse tipo de câncer. Medicamentos, oferecidos por via intravenosa ou em formato de comprimidos, são utilizados como complemento à quimioterapia, os quais, em algumas ocasiões, podem substituir a quimioterapia tradicional.

Prognóstico

O prognóstico dependerá da extensão da doença ao diagnóstico e da presença de comorbidades, ou seja, doenças associadas.

O crescente aprimoramento das técnicas cirúrgicas e o advento do tratamento com quimioterapia são medidas que aumentam a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes. O conhecimento da biologia molecular dos tumores também trouxe ganho, uma vez que hoje dispomos de terapias-alvo, com drogas inteligentes, direcionadas contra o tumor, que poupam os pacientes dos efeitos adversos da quimioterapia. Além disso, a radioterapia ganhou destaque no tratamento desses pacientes, sendo uma possibilidade de controle da doença em situações em que a cirurgia pouco pode ajudar.

A sobrevida em cinco anos para os tumores não pequenas células varia conforme o estadiamento da doença, o tipo e grau histológico. Quanto menor o estadiamento, melhores o prognóstico e a sobrevida. O prognóstico dos tumores de pequenas células é pior em comparação com os cânceres não pequenas células.

Prevenção e Detecção Precoce

O câncer de pulmão representa a neoplasia com maior potencial de prevenção, haja vista sua relação intrínseca com o tabagismo. As campanhas voltadas a reduzir a incidência de fumantes, principalmente entre mulheres e jovens, são prioritárias e merecem forte apoio da população.

Apenas um grande estudo randomizado (seleção aleatória dos grupos) em fumantes “pesados” entre 55 e 74 anos nos EUA, utilizando tomografia computadorizada de baixa dose como exame de rastreamento, mostrou redução na mortalidade por câncer (16%) e mortalidade geral (7%). Nesse estudo, o percentual de exames falso-positivos (exame anormal, porém sem confirmação de câncer) foi muito grande.

Câncer de Colo de Útero

Definição

A cérvice (ou colo do útero) é parte do sistema reprodutivo feminino. Anatomicamente está localizada na pelve (região cercada pelos ossos da bacia) e constitui a parte final do útero. O colo do útero conecta o útero com a vagina e, durante a menstruação, serve de passagem para o fluxo de sangue do corpo do útero para a vagina. Ele produz muco, uma secreção que favorece a mobilidade dos espermatozoides da vagina para o interior do útero. Durante a gravidez o colo do útero permanece “fechado” até o momento do parto, quando sofre uma dilatação e permite a passagem do bebê.

Epidemiologia

Trata-se do terceiro tipo de câncer mais comum na população feminina, sem contar o tumor de pele não-melanoma, e é a quarta causa de morte entre elas pela doença, no País. O Instituto Nacional do Câncer registra, em média, 16 mil novos casos por ano.

Fatores de risco

O principal fator de risco é a presença de infecção crônica pelo vírus HPV. A maioria das mulheres com infecção pelo HPV acaba eliminando o vírus. Entretanto, uma pequena parte permanece com infecção crônica. Essas mulheres têm um risco maior de desenvolver um câncer do colo do útero. O consumo regular de cigarro e histórico pregresso de doenças sexualmente transmissíveis também aumentam o risco.

Sinais e sintomas

Habitualmente, a doença não apresenta sintomas iniciais. Nos estágios avançados, a mulher pode ter sangramento pela vagina, durante o ato sexual ou após o exame ginecológico. Sangramento após a menopausa e sangramento excessivo durante a menstruação também podem ocorrer, além de secreção pela vagina e dor na pelve.

Diagnóstico

O seu médico irá conduzir uma investigação diagnóstica para saber se seus sintomas podem ser, ou não, um câncer do colo do útero. Os exames habitualmente realizados são o ginecológico (observando o colo do útero), o exame das células do colo (exame preventivo ginecológico) e a biópsia do colo do útero.

Classificação

O exame histopatológico da biópsia permite classificar o tipo de câncer. A maioria dos cânceres do colo do útero é chamada de carcinoma epidermoide.

Estadiamento

Após o diagnóstico e a classificação histológica, é feito o estadiamento da doença, ou seja a verificação da extensão da enfermidade. Para isso, geralmente são pedidos exames complementares, especialmente exames de imagem como RX tórax e TC e RNM de abdômen e pelve. O objetivo avaliar é a extensão da doença e determinar o tipo ideal de tratamento para cada paciente.

O estadiamento utiliza os algarismos romanos de I a IV, sendo que os menores algarismos correspondem a cânceres localizados, e os maiores algarismos aos cânceres avançados.

Tratamento

Habitualmente o tratamento envolve uma equipe multiprofissional que inclui cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, entre outros profissionais médicos e não médicos. O tratamento padrão habitual para esses tipos de tumores envolve diferentes opções, de acordo com a extensão da doença. Não é infrequente a utilização de mais de uma modalidade cujas opções incluem cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

Prognóstico

O prognóstico dependerá da extensão da doença no momento do diagnóstico, das características biológicas do tumor e das condições de saúde do paciente. Ele costuma ser muito bom para os tumores localizados e menor para a doença avançada ou metastática. A maioria das mulheres apresenta doença localizada em função da realização regular do exame preventivo em nossa população.

Prevenção e Detecção Precoce

A prevenção primária do câncer do colo do útero se dá pela diminuição dos fatores de risco. Dentre os fatores de risco que podem ser alterados temos a infecção pelo vírus HPV. A abstinência sexual ou a utilização de métodos de barreira (uso da camisinha) diminuem o risco de exposição ao vírus. A realização periódica do exame preventivo ginecológico e o tratamento das lesões precursoras diminuem a incidência e a mortalidade pela doença.

A vacina contra os vírus HPV 16 e 18 reduz a incidência de infecções persistentes e a chance de desenvolver um câncer do colo do útero em mais de 90% das mulheres vacinadas. A efetividade da vacina após 6-8 anos ainda não está bem estabelecida.

Leucemia

Definição

Leucemia é o câncer proveniente das células sanguíneas, em geral dos leucócitos. Nossas células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) são formadas em sua grande parte na medula óssea. Nas leucemias, as células normais vão sendo progressivamente substituídas por células anormais que não funcionam como deveriam funcionar.

Os diferentes tipos de leucemia estão relacionados com o tipo de célula normal que se transformou em câncer. As leucemias provenientes de células precursoras de hemácias, leucócitos e plaquetas são chamadas de mieloides, enquanto as provenientes de células precursoras de linfócitos são chamadas linfoblásticas (ou linfocíticas). Elas podem acometer tanto adultos como crianças e adolescentes, de forma aguda (aparecimento rápido e células imaturas) ou crônica (aparecimento gradual e células maduras). Existem quatro principais tipos de leucemia: linfoblástica aguda, mieloide aguda, linfocítica crônica e mieloide crônica.

Epidemiologia

Embora seja um tumor frequente em crianças, a maior proporção de casos ocorre em adultos. No mundo, em especial nos países desenvolvidos, as leucemias estão entre os 10 cânceres mais frequentes. No Brasil, o Ministério da Saúde estima cerca de 10 mil casos por ano, sendo um pouco mais frequente em homens em comparação com as mulheres. A Região Norte do país apresenta a menor taxa de ocorrência da doença, e a Região Sul, a maior taxa.

As leucemias acometem em maior proporção as pessoas entre 65 e 75 anos e a sobrevida em cinco anos em adultos nos países desenvolvidos é de aproximadamente 60%. Para crianças e adolescentes, a sobrevida é bem maior que em adultos. As taxas de mortalidade no Brasil apresentam uma curva de aumento nos últimos 15 anos, embora com valores menores do que os encontrados nos países desenvolvidos.

Fatores de risco

Existem diversos fatores de risco associados às leucemias agudas e crônicas e seus diversos subtipos. Os fatores mais comumente associados são exposição a determinados agentes químicos (benzeno e pesticidas) e radiação ionizante (raios X), uso de quimioterapia, consumo de tabaco, excesso de peso, algumas doenças hematológicas (do sangue), imunossupressão, exposição a alguns vírus e herança genética. Para a maioria das pessoas com os tipos mais frequentes da doença, não é possível identificar a presença de fatores de risco ou agentes causais.

Sinais e sintomas

Os sintomas ocorrem pelo acúmulo de células leucêmicas na medula óssea e na corrente sanguínea. A produção inadequada de hemácias, leucócitos e plaquetas causa respectivamente anemia e maior susceptibilidade a infecções e sangramentos. São comuns sinais e sintomas como cansaço, infecções recorrentes, sangramentos pelo nariz e gengivas, febre, manchas roxas na pele, dores nos ossos e articulações, caroços no pescoço e debaixo dos braços, aumento do abdômen, dor de cabeça e perda de peso.

Diagnóstico

Um exame de sangue simples (hemograma) geralmente está alterado. A confirmação é feita com o exame da medula óssea (biópsia e mielograma). Outros exames, como os de imagem, laboratoriais e punção lombar (retirada de líquido da medula espinhal), podem ser realizados. Em geral, quando se suspeita de leucemia, é feito um encaminhamento rápido para um especialista (hematologista/oncologista), a fim de que ele conduza a investigação diagnóstica, faça a classificação e inicie o mais rápido possível o tratamento.

Classificação

No passado, as leucemias eram classificadas de acordo com as características morfológicas das células leucêmicas encontradas no sangue ou na medula óssea. Mais recentemente, nas últimas décadas, foram incorporados exames mais sofisticados, como a imunofenotipagem e a citogenética, que permitem refinar o diagnóstico e fornecer informações importantes para o prognóstico e tratamento da doença. Dois sistemas de classificação de leucemias mundialmente conhecidos são o sistema French-American- British (FAB) e o sistema da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses sistemas estão em constante atualização e, por esse motivo, um especialista (hematologia/oncologia) é o profissional mais indicado para classificar uma leucemia.

Estadiamento

Não existe um sistema-padrão de estadiamento. Em geral, os pacientes são avaliados para identificar a presença de células leucêmicas, além do sangue e da medula óssea. Frequentemente, a doença é classificada como não tratada, em remissão ou recorrente. Dois sistemas de estadiamento são usualmente utilizados na leucemia linfocítica crônica: Binet e Rai. Ambos estão baseados nos achados do exame físico e no resultado do hemograma. O sistema Rai classifica os pacientes entre 0 e IV, enquanto o Binet classifica os pacientes em A, B e C. A leucemia mieloide crônica também não possui um sistema padronizado de estadiamento, porém é utilizada uma classificação por fase: fase crônica, fase acelerada e fase blástica. A identificação da fase é fundamental para o planejamento do tratamento.

Tratamento

Existem diferentes modalidades de tratamento. As mais frequentemente utilizadas são quimioterapia, radioterapia, terapia-alvo molecular, imunoterapia e transplante de medula óssea. A escolha vai depender de fatores relacionados à doença (estadiamento) e ao paciente (estado geral).

Alguns pacientes podem ser encaminhados para participar de tratamentos experimentais. Nesse caso, eles são informados sobre o tratamento e, se concordarem em participar, são incluídos em um estudo clínico.

Prognóstico

O prognóstico depende de alguns fatores, como o tipo de leucemia, a idade do paciente, o estadiamento da doença e o estado geral de saúde do paciente. Com os recentes avanços na biologia molecular do câncer, os tratamentos tornaram-se mais específicos e efetivos, melhorando os percentuais de cura e sobrevida da doença.

Prevenção e Detecção Precoce

Não existem fatores de risco conhecidos, portanto, não há um conjunto de medidas preventivas a serem adotadas. No entanto, há evidências de que o tabagismo estaria relacionado a um tipo específico da doença, chamado leucemia mieloide aguda. Por isso, vale lembrar que parar de fumar sempre vale a pena. Para detectar o problema cedo, aumentando as chances de recuperação, vale ficar atento a sintomas como palidez, cansaço, febre, aumento de gânglios, infecções persistentes, hematomas e sangramentos inexplicados.

Linfoma de Hodgkin

Definição

Linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer em que a célula maligna (câncer) tem origem no sistema linfático, em particular nos gânglios linfáticos (linfonodos). As células normais que se transformam em células malignas são os linfócitos (um tipo de glóbulo branco). Existem diferentes tipos de linfoma de Hodgkin e conhecê-los permite escolher o tratamento mais adequado. O nome da doença é um reconhecimento ao médico Thomas Hodgkin, que A descobriu em 1832.

Epidemiologia

A doença é relativamente rara e acomete ligeiramente mais homens do que mulheres. Pode surgir em qualquer idade, mas é mais frequente entre adultos jovens e idosos. Em geral, no mundo, corresponde a 1% dos cânceres diagnosticados anualmente. Nas diferentes regiões do Brasil, o linfoma de Hodgkin ocupa entre a 12ª e a 17ª posição entre os tumores malignos mais frequentes.

Fatores de risco

Não se sabe ao certo o que causa a maior parte dos casos. Entretanto, alguns fatores, como baixa imunidade, história pessoal de linfoma não Hodgkin no passado, exposição ao vírus Epstein-Barr e história familiar de linfoma, parecem aumentar o risco.

Sinais e sintomas

Alguns sinais e sintomas, como aumento dos linfonodos (no pescoço, nas virilhas e nas axilas), suores noturnos, febre e perda de peso sem causa aparente, cansaço e coceira na pele, podem ser causados pela doença.

Diagnóstico

Alguns exames podem ser realizados para diagnosticar o linfoma. O principal exame é a biópsia dos gânglios linfáticos suspeitos. Além do exame da morfologia das células dos linfonodos, também são feitas análises de imunofenotipagem. A característica principal do linfoma de Hodgkin é a presença da célula de Reed-Sternberg (linfócito de forma e tamanho alterado). Outros exames: exame físico, exames de sangue (hemograma completo e exame bioquímico) e exames de imagem, como tomografia computadorizada.

Classificação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o linfoma de Hodgkin em dois grandes grupos: tipo clássico (95%) e tipo predominância linfocítica nodular (5%). O tipo clássico ainda se subdivide em esclerose nodular, celularidade mista, rico em linfócitos e depleção linfocítica. O subtipo esclerose nodular é o mais frequente, enquanto o depleção linfocítica é o mais raro.

Estadiamento

O linfoma de Hodgkin é classificado quanto à extensão da doença em quatro estágios (de I a IV). Quanto maior o estágio, maior o volume de doença. Também são empregadas as letras A, B, S, E e X para identificar, respectivamente, ausência de sintomas como febre e emagrecimento, presença de sintomas, acometimento do baço, acometimento de órgãos ou tecidos, que não o sistema linfático, e doença volumosa (linfonodos maiores que 10 cm de diâmetro e doença no mediastino). Outra forma de classificar é descrever a doença como estágio precoce ou avançado. A doença precoce ainda pode ser classificada em precoce favorável e precoce desfavorável.

Tratamento

As principais formas de tratamento são a quimioterapia, a radioterapia, o tratamento com esteroides e transplante de medula óssea. Recentemente, incorporou-se o uso de terapias biológicas como mais uma modalidade.

Prognóstico

O prognóstico depende de diversos fatores relacionados ao paciente e à doença. A sobrevida, em países desenvolvidos, é maior que 90% para os estágios I e II e entre 75% e 90% para os estágios III e IV. Nos países de média renda, como o Brasil, os percentuais são, em geral, um pouco menores.

Prevenção e Detecção Precoce

Embora não exista uma maneira de prevenir esse tipo de câncer, é possível detectá-lo precocemente, ampliando as chances de recuperação. Para isso, vale procurar um médico em caso de sintomas que não desaparecem em poucos dias, como gânglios aumentados na virilha, no pescoço ou nas axilas; febre e sudorese noturna; coceira na pele, cansaço e perda de peso injustificáveis.

Linfoma não Hodgkin

Definição

Linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer em que a célula maligna (câncer) tem origem no sistema linfático, que é um componente do sistema imunológico. Os linfomas não Hodgkin são diferentes do linfoma de Hodgkin, embora apresentem características clínicas semelhantes. Existem dezenas de linfomas não Hodgkin que, em geral, são classificados como indolentes ou agressivos. Eles também podem ser classificados de acordo com a célula afetada (linfócito B ou T). A maior parte é constituída de linfócitos B. Os linfomas não-Hodgkin podem acometer tanto adultos, como também crianças e adolescentes.

Epidemiologia

A doença é relativamente frequente em todo o mundo e acomete mais frequentemente idosos (acima de 65 anos) e homens. Em 2012, no mundo, metade dos casos e mais de 60% das mortes ocorreram em regiões menos desenvolvidas. Estimam-se mais de 5 mil casos novos de linfoma não Hodgkin em homens e cerca de 5 mil em mulheres para o Brasil em 2016.

Fatores de risco

Alguns fatores aumentam o risco de ter um linfoma não Hodgkin, embora o fato de tê-lo não signifique que o indivíduo terá um linfoma. Idade avançada (mais de 65 anos), sistema imunológico deficiente (AIDS, doença autoimune, uso de drogas imunossupressoras etc.), história familiar de linfoma não Hodgkin, exposição a quimioterápicos e infecções por algumas bactérias e vírus (H. Pylori e vírus de Epstein-Barr) aumentam o risco.

Sinais e sintomas

Alguns sinais e sintomas, como aumento dos linfonodos (no pescoço, nas virilhas e nas axilas), suores noturnos, febre e perda de peso sem causa aparente, cansaço e coceira na pele, podem ser causados pela doença.

Diagnóstico

Alguns exames são frequentemente realizados para o diagnóstico dos casos suspeitos. O exame físico completo, com destaque para a palpação de eventuais gânglios linfáticos aumentados, é fundamental. A retirada de fragmento da medula óssea e sangue (biópsia e aspirado da medula óssea) e posterior análise microscópica por um patologista são essenciais para o diagnóstico. A retirada de gânglios linfáticos suspeitos e a análise microscópica também podem ser realizadas. Análises específicas das células tumorais, como imuno-histoquímica, imunofenotipagem e análise citogenética são, utilizadas para classificar o tipo de linfoma. Outros exames podem ser realizados dependendo dos sinais e sintomas e da localização do tumor. Em geral, são realizados alguns exames de sangue (hemograma, bioquímico) e eventualmente de imagem (raios X, TC, RNM).

Classificação

Vários sistemas de classificação já foram criados para classificar os linfomas não Hodgkin. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente (2016) publicou uma nova classificação dos linfomas não Hodgkin. Existem diferentes tipos de linfoma não Hodgkin e entender como eles são classificados pode ser difícil para um não especialista. Em geral, os linfomas são classificados, de acordo com as características da célula tumoral, em baixo ou alto grau, em linfomas de células B ou T, em linfomas de pequenas ou grandes células, e linfomas foliculares ou difusos. Linfomas de alto grau crescem mais rapidamente em relação aos linfomas de baixo grau e, por isso, também são chamados de agressivos.

Estadiamento

O linfoma não Hodgkin possui quatro estágios (de I a IV). Quanto maior o valor, maior a quantidade de doença. Acompanham essa classificação as letras A e B para significar, respectivamente, ausência e presença de sintomas como febre, perda de peso e suores noturnos. Também são usadas as letras E e S para indicar, respectivamente, doença extranodal (ou extraganglionar) e comprometimento do baço. Uma maneira simplificada de estadiamento é classificar os linfomas em doença limitada e doença avançada de acordo com a incidência de doença e presença ou ausência de determinados sintomas.

Tratamento

Existem diferentes tipos de tratamento. Alguns são considerados padrão, enquanto outros são considerados experimentais. As principais formas são a quimioterapia, a radioterapia, o tratamento com esteroides e transplante de medula óssea. Recentemente, incorporou-se o uso de terapias biológicas (imunoterapia e terapia-alvo) como mais uma modalidade. O importante é que o tratamento seja planejado por uma equipe multidisciplinar e com experiência no tratamento de linfomas.

Prognóstico

O prognóstico depende de diversos fatores relacionados ao paciente e à doença. Linfomas de baixo grau são difíceis de erradicar completamente, entretanto conseguem se manter em controle por vários anos. Os linfomas de alto grau necessitam de tratamentos mais agressivos, entretanto muitos pacientes são curados. Em geral, a sobrevida em cinco anos para os linfomas nos países desenvolvidos é de 70%-80%.

Prevenção e Detecção Precoce Não há evidências disponíveis para recomendar intervenções de prevenção e detecção precoce (rastreamento).

Mieloma Múltiplo

Definição

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer ocasionado pelo crescimento anormal de um determinado tipo de célula chamado plasmócito, encontrado na medula dos ossos. Os plasmócitos são células que compõem nosso sistema imunológico e produzem anticorpos contra infecções e algumas outras doenças. Os plasmócitos anormais são chamados de mielomas e produzidos em grande número e em locais diferentes da medula óssea, por isso a denominação de mieloma múltiplo. O crescimento das células pode provocar o aparecimento de um tumor no osso ou nas partes moles (próximo aos ossos) e, quando único, é chamado de plasmocitoma. Quando múltiplo, de mieloma múltiplo. Ambos são considerados tumores malignos.

Epidemiologia

No Brasil, o Ministério da Saúde não produz estimativas para os casos novos de mieloma na população brasileira. Nos EUA, estimam-se 5 a 6 casos para cada 100 mil habitantes para 2016. No Reino Unido, a taxa de incidência em 2014 foi de 9 casos por 100 mil habitantes. Como a idade avançada é um fator de risco para a doença, é provável que, no Brasil, as taxas de incidência estejam bem abaixo das taxas dos EUA e do Reino Unido. Em 2012, mais de 114 mil casos de mieloma foram diagnosticados em todo o mundo, o que representou 0,8% de todos os cânceres. Os casos de mieloma aumentam com a idade, especialmente a partir dos 55-60 anos e com maior frequência entre 65 e 75 anos. Os casos são mais frequentes na população masculina em relação à feminina.

Fatores de risco

As evidências sobre os fatores de risco envolvidos no aparecimento do mieloma são limitadas, principalmente por se tratar de uma doença relativamente rara. As exposições ao benzeno, ao óxido de etileno e às radiações ionizantes provavelmente aumentam a probabilidade de adquirir a doença.

O risco é maior nas pessoas com história familiar de mieloma, nos indivíduos com doença de Gaucher, em portadores de algumas doenças autoimunes, como anemia perniciosa e espondilite anquilosante, em indivíduos com excesso de peso e em portadores do vírus HIV.

Sinais e sintomas

O mieloma pode ser classificado como sintomático ou assintomático, dependendo da presença ou ausência de alterações provocadas pelo mieloma em órgãos ou tecidos.

Os sintomas aparecem em razão do aumento dos plasmócitos na medula óssea. Como consequência, há fragilidade dos ossos e deficiência na produção das células sanguíneas habituais, como leucócitos, hemácias e plaquetas. Os dois principais são dor óssea e cansaço. Em geral, o cansaço é provocado pela anemia, e a dor óssea, pelas lesões líticas. O indivíduo com mieloma pode ser susceptível às infecções e apresentar sangramento anormal na pele (manchas roxas na pele) e mucosa (sangramento nas gengivas).

Quando os ossos são danificados pela doença, uma alta quantidade de cálcio é lançada na circulação sanguínea. Isso é chamado de hipercalcemia e se manifesta clinicamente por sede, cansaço, sonolência e torpor.

Em algumas situações, em especial nas fases avançadas da doença, pode aparecer inchaço nos tornozelos, o que representa algum grau de falência de funcionamento dos rins.

Diagnóstico

O diagnóstico do mieloma começa pela coleta detalhada de uma história clínica e por um minucioso exame físico. Complementa a avaliação diagnóstica uma rotina de exames laboratoriais (sangue e urina), um exame da medula óssea (biópsia e aspirado), radiografias convencionais de alguns ossos e, eventualmente, ressonância nuclear magnética e TC de localizações específicas.

A presença de elevado número de plasmócitos na medula óssea e de proteínas monoclonais no sangue e na urina ou a presença de plasmocitoma confirmam o diagnóstico. Outros exames adicionais são necessários para completar a avaliação inicial da doença (como dosagem sérica de beta-2 microglobulina, LDH e albumina), além de análise cromossômica de translocações (tipo de exame genético).

Classificação

Em 2014, o Grupo de Trabalho Internacional para mieloma atualizou os critérios para diagnóstico do mieloma. Os novos critérios permitem um diagnóstico e tratamento mais precoce da doença, antes que ela comprometa órgãos vitais, como os rins. Utilizando-se de resultados de exames laboratoriais, o grupo de trabalho estabelece critérios de diagnóstico para o mieloma múltiplo e outras doenças correlacionadas. Além desse critério de classificação, realiza-se também um estudo sobre alterações cromossômicas nas células do mieloma. Essas alterações influenciam o curso da doença, a resposta ao tratamento e o prognóstico.

Estadiamento

Os médicos, em geral, usam o Sistema Internacional para o Estadiamento do Mieloma (ISS). O sistema utiliza o resultado de exames laboratoriais (LDH, beta-2 microglobulina e albumina) e de alterações cromossômicas para classificar os pacientes em três grupos (estágios 1, 2 e 3). Quanto maior o estadiamento, pior o prognóstico.

Tratamento

Os principais tratamentos incluem a quimioterapia, o uso de corticosteroides, a terapia biológica (medicamentos que modificam a forma como as células funcionam) e a radioterapia e o transplante de medula óssea. A escolha vai depender do estadiamento da doença, da apresentação ou não dos sintomas pelo paciente e do estado de saúde geral.

Prognóstico

Em geral, a sobrevida é relativamente longa e depende de fatores relacionados ao paciente, ao estadiamento da doença, à biologia do tumor e à resposta ao tratamento.

Prevenção e Detecção Precoce

Infelizmente, não se sabe as causas da doença, tampouco os fatores de risco que poderiam ser evitados. Por isso, não há medidas preventivas específicas a serem adotadas. O melhor, portanto, é adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e atividade física.